sábado, 2 de abril de 2011

Meu filho vai ser reprovado. e agora?

Poucas coisas são tão difíceis para a família quanto aceitar e conviver com a possibilidade de uma reprovação escolar. A ideia de "fracasso" tende a desestabilizar os pais. Coragem!

Não é fácil mesmo. Aquele é o seu filho. Educado por você, estudando na escola que você escolheu. Num primeiro momento, há famílias que responsabilizam a instituição. Outras culpam a si próprias. Mas, de qualquer forma, tudo parece residir na eterna culpa. Malfadada culpa. Onde foi que eu errei? O que deu errado? Meu filho é esperto, inteligente!
Bem as coisas não são tão simples assim. O que está em questão não é a inteligência de seu filho. Por trás de uma possível reprovação há vários aspectos a serem considerados. Na grande maioria dos casos, a capacidade intelectual nem é colocada em dúvida. Cada caso é um caso. E é necessário que os pais procurem perceber que, quando as coisas não ocorrem como o esperado, sua postura é fundamental para que o filho aceite, compreenda o que acontece e consiga crescer com a situação.

A idéia de sucesso

Em primeiro lugar, tente enxergar essa idéia de sucesso que hoje se veicula na mídia, nos círculos familiares e profissionais. É uma idéia vendida a qualquer preço. Como se todos fossem obrigados a serem vencedores desde o berço. Como se não houvesse variáveis, ao longo da vida, que nos obrigassem a recuar, a reiniciar processos, a rever caminhos. Essa idéia de sucesso é uma ilusão.
Há pais que chegam a comparar resultados escolares de seus filhos com os de outras crianças. Muitas vezes, imbuídos da imagem e do desejo de um filho bem sucedido, esquecem-se de que há um tempo para tudo acontecer. E de que, por mais que se esforcem, não depende somente deles que a criança caminhe na direção que julgam correta.
Há os mais diferentes fatores para que os "desvios" aconteçam: imaturidade, dificuldades específicas de aprendizagem, momentos especiais pelos quais as famílias passam... Nenhum desses fatores impedirá seu filho, que ora parece necessitar de ajuda e de um tempo maior, de seguir seu caminho de forma vitoriosa. Na grande maioria das vezes, é só do que ele necessita: uma pausa para tomar fôlego e prosseguir.

Auto-estima, tão necessária!

Falar em reprovação é falar de auto-estima. Não há dúvida. E a auto-estima de seu filho começa em você. O primeiro sentimento que surge é o da incapacidade. É comum que o aluno refira-se a si próprio com frases do tipo: "Eu sou burro mesmo..." ou "sou lerdo" ou ainda "todos conseguem tão facilmente... para mim é tudo mais difícil!"
Quando crianças e adolescentes se vêem diante desse quadro precisam sentir que os profissionais da escola e a família acreditam em seu potencial. Para que isso aconteça, avaliar - com ele! - as possíveis causas e ajudá-lo a se perceber é o primeiro passo. Uma outra questão a ser conscientizada é a de que esse abismo entre ele e os demais colegas não tem a dimensão que ele acredita.
Dificuldades são inerentes a qualquer processo de aprendizagem. Alguns amigos considerados brilhantes, muitas vezes nem o são, mas superam suas dificuldades custa de sacrifício e de estudo. Muitos sofrem para manter a imagem de aluno excelente. Para alguns, esse chega a ser um processo de superação.
O que parece ser importante, no entanto, é mostrar que nada nos é dado de graça. Que ser um bom aluno não é um dom natural. Cada qual tem seu caminho peculiar e o desafio de seu filho é encontrar, com você e com os professores, saídas. O que vem a seguir é incentivá-lo nas pequenas, mas importantes conquistas.
Para os pais isso não é fácil. Muitos, com um altíssimo nível de exigência, não enxergam os pequenos sucessos de seus filhos. Por isso, nunca é demais ressaltar: reaprender a olhar a criança e buscar palavras de incentivo fazem com que ela não esmoreça e acredite em si própria. Não há como alterar a situação se não houver a recuperação da auto-estima.

Convivendo com novos amigos

Se o quadro de reprovação for uma realidade, será necessário que você também se preocupe em preparar seu filho para lidar com uma nova turma. Ele será um aluno defrontando-se com crianças mais novas. Ruim? Bem, essa é uma experiência que, se bem aproveitada pelos professores e pela família, pode ser muito proveitosa.
Pense bem. Ele terá a oportunidade de estar revendo conteúdos com mais tranqüilidade e segurança. Isso, sem dúvida alguma, trará benefícios não somente do ponto de vista pedagógico mas, também, fará com que se sinta mais fortalecido. Isso, se bem capitalizado, pode torná-lo uma referência no grupo, uma vez que estará mais amadurecido e com os conceitos mais sedimentados.

A realidade nem sempre é simples

Tudo vai ser fácil? Não, pode ser que, inicialmente, ele seja visto, pelos colegas, como o aluno "repetente", o que não deu conta, mas essa será uma nova história, construída com outro grupo, num outro momento. Se o corpo docente e a família estiverem atentos para lidar, de forma construtiva, com as questões que surgirem, tudo será menos sofrido.
Não tenha dúvida: para os pais essa é uma situação bem mais difícil do que para as crianças e jovens. Eles conseguem superá-la mais rapidamente e com menos traumas. De qualquer forma é importante que pai e mãe procurem, diante da situação inevitável, esquecer de buscar culpados, conversar muito a respeito e procurar linguagem e postura comuns para melhor auxiliar seu filho nesse momento delicado. Sim, porque ele é só um momento.
Talvez fosse importante dizer que quando os filhos enfrentam dificuldades escolares, isso ocorre não porque "sejam dessa ou daquela maneira", mas porque "estão de um determinado jeito, num determinado momento de suas vidas". Cabe família e escola acolhê-los e auxiliá-los a encontrar caminhos. Eles sempre existem.
Norma Leite Brandão
Fonte: www.clicfilhos.com.br

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